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Inovação em saúde: projeto de leito robótico auxilia pacientes em UTIs

Equipamento desenvolvido pelo Instituto Senai de Tecnologia em Metalmecânica auxilia no tratamento de pacientes em UTIs

O Brasil tem 54.657 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), segundo levantamento feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) entre junho de 2020 e março de 2021. A demanda por esse tipo de leito aumentou com a pandemia e ampliou o olhar sobre as necessidades de pacientes, médicos e enfermeiros. Foi a partir desse olhar que o Sistema Fiep, por meio do Instituto Senai de Tecnologia (IST) em Metalmecânica, em Maringá, iniciou o projeto de um leito robótico. O equipamento é programado de maneira personalizada para executar movimentos que reduzam a pressão nas partes do corpo que ficam muito tempo em contato com o leito, além de permitir variar posições – o paciente pode ficar ereto para se alimentar, por exemplo.

Com o leito robótico, o Sistema Fiep e o IST mostram a amplitude do setor metalmecânico na indústria e o papel do conhecimento aplicado às necessidades da sociedade. A coordenadora de Tecnologia e Inovação do Instituto, Lídia Mendonça, diz que o projeto foi desenvolvido de forma colaborativa entre a equipe do IST e do cliente, a AMR Robotics. Os profissionais fizeram coleta de dados a partir de metodologias de observação dentro de UTIs. “Foi possível compreender as necessidades e dificuldades que são vivenciadas no dia a dia, tanto do paciente como dos profissionais da área médica. A partir do tratamento dos dados coletados, desenvolvemos um protótipo que integra a necessidade fisiológica do paciente e a manipulação desse paciente pela equipe médica. O design e o projeto eletromecânico oferecem uma relação de sincronicidade entre homem e máquina”, observa Lídia.

Leito robótico ameniza complicações

O robô é programado de maneira personalizada para realizar os movimentos que o paciente acamado necessita. “Sempre existiu uma necessidade de evitar a estase no leito em pessoas com baixo ou nenhum nível de consciência, geralmente sob sedação moderada ou profunda. Isso porque a imobilidade durante períodos prolongados traz diversos malefícios à saúde, incluindo tromboses, escaras, adinamia intestinal, perda e atrofia de massa muscular, alterações em ciclo circadiano, perda da capacidade pulmonar, banhos ineficazes, entre outros”, detalha o cirurgião oncológico Leonardo Arnoni, da AMR Robotics.

O trabalho durou 24 meses e contou com uma equipe multidisciplinar do Instituto Senai de Tecnologia em Metalmecânica, que utilizou toda a tecnologia disponível na unidade, como impressão 3D, simulação computacional, digitalização por luz estruturada, usinagem 5 eixos, eletroerosão a fio, corte e conformação de aços. O leito robótico será homologado para produção em larga escala e, depois disso, a equipe buscará parceiros da indústria para a fabricação. “Atingimos um novo patamar de cuidados, um avanço enorme na manipulação do paciente que está sob sedação profunda”, completa o Dr. Leonardo.

Pesquisa, prática e solução

Os Institutos Senai de Inovação e Tecnologia são um recurso à disposição da indústria e, por isso mesmo, não há limites para novas ideias. Nesses locais, um time não trabalha sozinho, atua sempre interligado a outros com expertises complementares. Foi assim que o Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação (IST- IC), que fica em Londrina, participou de projetos de enfrentamento à pandemia.

“Entregamos várias soluções que auxiliaram as indústrias e a sociedade, utilizando toda a tecnologia que temos à disposição. É gratificante poder atuar de forma positiva nesse cenário”, comenta Edenilson Burity, consultor e gestor da fábrica de software do instituto. Entre as soluções, está uma pulseira inteligente que mede temperatura corporal, batimento cardíaco, SPO2 e pressão arterial. O projeto é da TRUEWORK, contou com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e tem papel importante na retomada das atividades industriais, ajudando a monitorar a saúde dos colaboradores das empresas. Hoje, o IST-IC está focado na aplicação da inteligência artificial e internet das coisas para a transformação digital nas indústrias.

O desenvolvimento de novos produtos e processos dentro dos institutos passa por estudos de viabilidade, como ressalta o gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Sistema Fiep, Fabrício Luz Lopes: “Toda a nossa pesquisa e todo o processo de inovação é uma pesquisa aplicada, tem que ter mercado, nunca vamos desenvolver um projeto que não tenha aplicabilidade, que não chegue ao consumidor final, este é um ponto bem importante”.

Com informações do portal G1 (10/09/2021)