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Taxa de internação entre motociclistas tem maior alta em 10 anos

Levantamento do Ministério da Saúde aponta também que os homens são as principais vítimas fatais de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas: 88% do total

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Foto: Internet

A taxa de internação de motociclistas, considerando a rede SUS e conveniada, teve o maior aumento em uma década entre os anos de 2020 e 2021: passou de 5,5 por 10 mil habitantes para 6,1. Esse é o dado mais recente sobre o tema, explicitado no Boletim Epidemiológico Cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito’ do Ministério da Saúde.

Segundo o documento, o número absoluto de internações por esse motivo subiu de 70.508 em 2011 para 115.709 em 2021. Isso representa um crescimento de 55% da taxa em dez anos, com uma variação de 3,9 por 10 mil habitantes em 2011 para 6,1 em 2021. Ainda de acordo com a análise técnica, o período de maior crescimento das internações coincidiu com a retomada das vendas de motocicletas no Brasil.

Segundo o Registro Nacional de Veículos Automotores, a quantidade de veículos de duas ou três rodas cadastrados era 18,4 milhões em 2011 e atingiu 30,3 milhões em dezembro de 2021, uma ampliação de 64,7%. “O tamanho da frota de motocicletas no País possui grande influência nos números de acidentes e internações com motociclistas”, reforça Maria Del Carmen Molina, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde.

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), informa que havia uma tendência de redução de vendas a partir de 2011, mas ela foi revertida em 2020 com o início da pandemia de Covid-19 e a demanda por serviços de entregas.

Maria Del Carmen enfatiza que, para que ocorra mudança no cenário de acidentes, é necessário um esforço conjunto do governo, dos usuários de motocicletas e da sociedade como um todo. Ela ressalta a importância de motociclistas evitarem os fatores de risco para lesões ou mortes no trânsito. “Alguns comportamentos de risco são: o não uso de capacete e de vestimenta apropriada, direção sob o efeito de álcool, excesso de velocidade e condução imprudente ou agressiva”, alerta.

Mais de 88% das vítimas fatais são homens

Os homens representaram 88,1% das vítimas fatais de acidentes do tipo em 2021. Isso significa um risco relativo 7,4 vezes maior que para o sexo masculino que o risco para o sexo feminino. Os fatores de risco citados por Del Carmen também são significativos para essa diferença. 

De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2021 e lançada no ano passado, 5,3% dos adultos das capitais brasileiras admitiram dirigir após consumir qualquer quantidade de bebida. A diferença entre os gêneros é grande: 9,7% entre os homens e 1,6% entre as mulheres.

Esse resultado também foi observado na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), promovida em 2019: a proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que dirigiram (carro ou motocicleta) logo depois de consumir bebida alcóolica foi de 17%, sendo maior entre homens (20,5%) do que entre as mulheres (7,8%).

Adicionalmente, a PNS 2019 demonstrou que 16,8% dos homens acima de 18 anos referiu não usar capacete quando conduziam de motocicleta. “O uso rotineiro do capacete para motociclistas é comprovadamente eficaz para reduzir a mortalidade e os acidentes graves”, destaca diretora Maria Del Carmen.

Segundo a Abraciclo, os homens também são os principais compradores de motocicletas e foram responsáveis por 62% dos contratos fechados em 2022. O sexo masculino também é a maioria entre os condutores habilitados para veículos de duas ou três rodas, representando 76% das pessoas que possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A.

Mortalidade

O total de mortes de motociclistas, homens e mulheres, em lesões no trânsito apresentou estabilidade entre 2011 (11.485 óbitos) e 2021 (11.115 óbitos). No entanto, os óbitos de motociclistas eram 26,6% do total das mortes no trânsito em 2011 e passaram a ser 35,3% em 2021.

De 2014 até 2019, a taxa de mortalidade de motociclistas estava em queda e só tinha aumentado uma única vez, passando de 5,8 por 100 mil habitantes em 2016 para 5,9 em 2017. Entretanto, de 2019 para 2020, registrou a maior alta desde 2012, passando de 5,3 por 100 mil habitantes em 2019 para 5,7 em 2020. 

A análise relativa às motocicletas se justifica já que esse é o principal meio de transporte responsável por vítimas fatais e internações por lesões no trânsito, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Em 2020, foram 12.011 óbitos de motociclistas, 7.849 ocupantes de veículos, 5.962 vítimas de condição especificada, 5.120 pedestres e 1.352 ciclistas. Salvos os casos não especificados, as mortes de motociclistas foram as únicas que apresentaram variação positiva entre 2019 e 2020.

Ações

O Ministério da Saúde desenvolveu o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant). O documento aborda agravos relacionados aos motociclistas. A publicação estabelece a meta, alinhada a organismos internacionais, de reduzir em 50% a taxa de mortalidade deste público até 2030.

Para que essa meta seja alcançada, foram definidas ações estratégicas a serem desenvolvidas pela pasta em conjunto com estados, Distrito Federal e municípios. “Para a execução de muitas dessas atividades, será fundamental a articulação intersetorial e interfederativa”, ressalta Del Carmen.

Outra iniciativa do Ministério da Saúde é o Projeto Vida no Trânsito, implantado desde 2010. A ação busca subsidiar gestores no fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito, por meio da qualificação de informações, planejamento, intervenções, monitoramento e avaliação das intervenções.

A pasta também financia o projeto piloto Tecnologia de Rápido Acesso de Dados Unificado para Mitigação da Acidentalidade (Trauma), que tem por objetivo estruturar a integração e o compartilhamento de informações entre serviços de atendimento, utilizando uma base de dados unificada e com atualização instantânea. Essa tecnologia permitirá um monitoramento ágil de indicadores, que auxiliará na definição de prioridades e a orientar as ações de prevenção e assistência.

Com informações do portal GOV.BR (31/05/2023)