O crescimento da medicina diagnóstica no Brasil reflete uma mudança significativa no comportamento da população e na forma como os sistemas de saúde vêm sendo estruturados. Com o envelhecimento acelerado da população brasileira e uma maior atenção à prevenção, o número de laboratórios de análises clínicas tem aumentado de forma expressiva.
Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o setor registrou uma expansão superior a 20% nos últimos dez anos. O Sudeste lidera esse movimento, com a abertura de mais de 3.574 unidades desde 2015, um salto de 7.635 para 11.209 laboratórios até junho de 2024. Também houve crescimento relevante nas regiões Norte e Sul, acompanhando o aumento da demanda por exames de rotina, testes genéticos e check-ups regulares.
Essa expansão é impulsionada por uma população mais atenta à saúde preventiva e pelo avanço tecnológico nos exames laboratoriais. “Estamos diante de um novo perfil de paciente, que busca entender sua saúde de forma preventiva e personalizada. A medicina diagnóstica tem um papel central nesse movimento, oferecendo exames cada vez mais sensíveis, rápidos e com maior capacidade preditiva, principalmente nas áreas de genética e biologia molecular”, explica Gustavo Campana, diretor médico do DB Diagnósticos.
A maior conscientização sobre doenças silenciosas, como diabetes, hipertensão e certos tipos de câncer, também contribui para o protagonismo dos laboratórios na cadeia de cuidados em saúde. Além dos exames tradicionais, cresce o interesse por testes de alta complexidade, como painéis genéticos, mapeamentos de risco, sequenciamento de nova geração (NGS) e exames voltados à detecção precoce de alterações hereditárias ou adquiridas.
“O diagnóstico vem se tornando um ponto de partida estratégico nas decisões clínicas. Quanto mais cedo identificamos alterações, maiores as chances de intervenções eficazes e custo-efetivas para o sistema de saúde como um todo”, afirma Campana. “No nosso caso, por exemplo, observamos um aumento de 40% na demanda por exames genéticos no último ano, principalmente entre pacientes das áreas de oncologia e medicina de precisão”, destaca.
A expectativa é que esse crescimento continue de forma consistente nos próximos anos. Projeções do setor indicam que a medicina diagnóstica deve acompanhar a consolidação da atenção primária e dos modelos baseados em valor, nos quais a prevenção e o diagnóstico precoce são peças-chave. Nesse cenário, os laboratórios ganham espaço como parceiros estratégicos de médicos, operadoras de saúde e políticas públicas.
“O papel dos laboratórios vai muito além da coleta e da análise. Somos parte de uma engrenagem que conecta dados clínicos, conhecimento científico e decisões que impactam diretamente o desfecho dos pacientes”, completa.
Com informações do CBDL – 13.08.2025.