Assim como acontece com os produtos produzidos no Brasil, os itens de tecnologia médica adquiridos no exterior não exercem pressão no custo da saúde pública ou privada.
O estudo ‘Índice ABIIS Importação’ que analisou os preços praticados, nos últimos 13 anos, na importação de produtos médico-hospitalares – dispositivos médicos implantáveis (DMIs); reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro; e materiais e equipamentos para a saúde – tiveram defasagem média de 0,4% ao ano e acumulam uma perda real de 5,2%, no período entre 2008 e 2021. Todos os valores foram convertidos para o Real e atualizados por índice de inflação, medido pelo IGP-M.
“Assim como acontece com os produtos produzidos no Brasil, os itens de tecnologia médica adquiridos no exterior – que correspondem a 49% do consumo brasileiro – não exercem pressão no custo da saúde pública ou privada”, afirma o diretor executivo da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, José Márcio Cerqueira Gomes, com base no estudo encomendado.
Os produtos da cesta DMIs foram os que mais tiveram defasagem de preço: -2% a.a. (em média) e -24,2% no acumulado de 2008 a 2021. Esse grupo é composto por órteses, próteses, materiais especiais e itens de apoio. Reagentes e analisadores para diagnóstico in-vitro desvalorizaram -0,5% a.a. e -6,3% no período estudado. O único segmento do setor cujos produtos importados mostraram valorização real foi o de materiais e equipamentos para a saúde – audiologia, cardiovascular, odontologia, oftalmologia, EPIs, mobiliário: 0,6% a.a. e 8,4% nos 13 anos. “Vale lembrar que aprimoramentos tecnológicos e o contexto macroeconômico também exercem pressão nos itens importados, com a continua desvalorização do real, principalmente de 2015 para cá. Esses dados preocupam porque colocam em risco a sustentabilidade do setor saúde como um todo”, destaca Gomes.
As variações estimadas no ‘Índice ABIIS Importação’ referem-se aos preços dos produtos praticados no porto. Não captam os valores finais dos mesmos produtos que são praticados pelas empresas e nem as compras públicas, no sistema público, ou as compras privadas, que prestam serviços médicos utilizando-se desses produtos.
O estudo ‘Índice ABIIS Importação’ foi realizado pelos economistas Emerson Fernandes Marçal – coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV-EESP. Tem experiência na área de Finanças e Macroeconomia Aplicada, com ênfase em Métodos Quantitativos e Análise de Séries de Tempo; e Patrícia Marrone – sócia-diretora da Websetorial.