Em live promovida pela ANS, especialistas debatem ações para garantir o parto respeitoso à mulher e a redução da mortalidade materna
A #Live – Parto seguro e respeitoso: por onde começar?” reuniu, na última quinta-feira (16/09), especialistas de diversas áreas que atuam no acompanhamento de gestantes, seja no pré-natal, no parto ou no pós-parto. Durante o evento virtual promovido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), eles compartilharam suas experiências e, juntos, propuseram alternativas para assegurar a redução da mortalidade de mães e bebês no Brasil.
O encontro integra as ações da Aliança para o Parto Seguro e Respeitoso, inciativa liderada pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP) e que reúne quase 50 entidades, como a ANS. Além disso, vai ao encontro de medidas orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que escolheu “Cuidado materno e neonatal seguro’ como tema do Dia Mundial da Segurança do Paciente 2021, comemorado na sexta-feira, 17/09.
Ao abrir o evento, o diretor de Desenvolvimento Setorial (DIDES) substituto da ANS, Cesar Serra, destacou sua experiência pessoal, contando sobre o parto humanizado de seus filhos e reafirmando a importância de se debater o assunto. “Temos muito a evoluir e é necessário unir forças para reduzir as taxas de óbitos de mães e bebês que ocorrem em razão de falhas”, destacou.
O diretor-superintendente médico e de Serviços Hospitalares do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Miguel Cendoroglo Neto, e o diretor sênior do Institute for Healthcare Improvement (IHI), Paulo Borem, deram seus depoimentos sobre o sistema de cuidados e os desafios para assegurar a segurança do parto e o respeito à mulher e aos bebês.
Em seguida, a gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, Ana Paula Cavalcante, abriu a primeira mesa de debates, que tratou do tema “Por que falar sobre mortalidade materna importa?”. A mesa teve a participação do presidente da SOBRASP, Victor Grabois; do gerente do Departamento Médico de Maternidade e Pediatria do HIAE, Linus Fascina; o vice-presidente do IHI, Pedro Delgado; a presidente da Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras e Obstetrizes (ABEMFO-RS), Virgínia Moretto; e a professora de Ginecologia e Obstetrícia da UFGRS e representante da Febrasgo, Maria Celeste Osório.
Os participantes chamaram a atenção para a importância dos protocolos de atendimento à gestante, para evitar a mortalidade seja da mamãe ou do bebê, bem como de uma parceria dos profissionais que estão envolvidos no atendimento à mulher, para que ouçam ela e a ajudem com informações claras e acessíveis.
Para Victor Grabois, a mortalidade materna é um problema de saúde pública no mundo todo e está fortemente ligada às questões da equidade e da diversidade, que acabaram sendo agravadas pela pandemia da Covid-19. “Resolver o problema da mortalidade materna passa por políticas de saúde, sociais e educacionais. A complexidade do problema, que envolve questões assistenciais, sociais e econômicas, exige que não apenas os governos, mas a sociedade civil se una e se mobilize para o enfrentamento adequado a este grave problema”, declarou Grabois.
Ele ressaltou as dez diretrizes da Aliança para o Parto Seguro e Respeitoso: equidade, parto adequado, prevenção da prematuridade e da mortalidade materna, letramento, respeito, redes de atenção, empoderamento, engajamento e participação da família.
Projeto Parto Adequado da ANS
A equipe técnica da ANS que está à frente do projeto do Parto Adequado fez uma apresentação sobre os trabalhos realizados, salientando as ações de qualidade em saúde da Agência, das quais faz parte a certificação em parto adequado. “A complexidade dos problemas no Brasil exige uma resposta coletiva, abrangente e multiprofissional”, salientou a especialista em Regulação da ANS, Renata Gasparello.
O gerente-executivo de Aprimoramento do Relacionamento entre Prestadores e Operadores da Agência, Felipe Riani, apresentou o Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal da ANS na saúde suplementar, fazendo um comparativo entre os dados no país e de outros países, demonstrando que o Brasil ainda tem números aquém do esperado.
Como mudar essa realidade
Já na segunda mesa de debates – Por um parto seguro e respeitoso: como melhorar os desfechos do cuidado materno e neonatal no Brasil? – Ana Paula Cavalcante mediou um talk show entre a professora e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) Maria do Carmo Leal; o coordenador médico de Obstetrícia do HIAE, Rômulo Negrini; a doutora em Pediatria, médica da Divisão de Neonatologia e Coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp, Roseli Calil; e a enfermeira obstetra e especialista em regulação em Saúde Suplementar da ANS e Faculty do IHI Jacqueline Torres.
Os painelistas chamaram a atenção para as linhas de cuidado para a gestante, protocolos de atenção, informação adequada às mulheres, preenchimento correto dos cartões de pré-natal, melhoria da comunicação entre as equipes de atendimento, orientação sobre as boas práticas durante a pandemia e com atenção aos vírus respiratórios que podem levar ao agravamento da gestação, dentre outras ações necessárias para assegurar a saúde de mães e bebês e o parto seguro e respeitoso.
Para Jacqueline, o investimento nas metodologias, a translação das informações e o engajamento das lideranças é fundamental para a implementação das diretrizes e para o sucesso da atenção à saúde. “O conhecimento científico precisa ser levado para o dia a dia de trabalho. Essas estratégias precisam ser colocadas em prática”, frisou Jacqueline Torres.
Maria do Carmo também frisou a importância da presença e da participação do homem na trajetória da gestante, principalmente na maternidade. “O acompanhante tem um papel importantíssimo em todos os momentos, não só para a mulher como para a relação com as equipes que assistem à mãe. Tenho visto os homens mais participativos e isso tem sido valioso”, declarou.
Roseli também abordou o assunto: “Os pais precisam estar envolvidos”. Ela ainda alertou que, nos casos em que houver impedimento da presença do pai por segurança à saúde das mães ou dos bebês, podem ser utilizados os meios tecnológicos, como o celular, para estabelecer uma conexão entre os membros da família, o que traz benefícios inclusive ao bebê.
Ao finalizar o evento, o diretor-ajunto da DIDES, Pedro Vilela, frisou que se deve buscar uma rede colaborativa e que o parto seja sempre indicado com protocolos a partir de evidências cientificas.
Com informações do portal gov.br (22/09/2021)