“A indústria da saúde é extremamente complexa e fazer aqui produtos de alta tecnologia depende de investimento e pesquisa”, afirmou o diretor do Conselho de Administração da ABIIS, Sérgio Rocha
A última mesa de debates do ‘VIII Fórum ABIIS – Dispositivos Médicos: Políticas Públicas, Regulação e Sociedade’, na sede da Anvisa, em Brasília, em 16 de março, falou sobre ‘O Parque Industrial de Dispositivos Médicos no Brasil’. Na abertura, o moderador e diretor do Conselho de Administração da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde fez questão de reforçar que a entidade é terminantemente contra a inclusão de qualquer imposto no setor da saúde. “Já apresentamos estudos sobre o impacto de uma eventual tributação, caso a saúde não tenha tratamento diferenciado na Reforma Tributária”, disse Sérgio Rocha, que também defendeu a independência dos órgãos reguladores: “a Anvisa mostrou a importância dela nesses anos todos e é reconhecida mundialmente. Nos preocupa a possibilidade de tirar qualquer força de qualquer agência”.
O gerente de Desenvolvimento de Negócios do SENAI/CIMATEC, Valdir Gomes, lembrou que o país adotou o desafio de ter um sistema único, público e universal de saúde e, ao mesmo tempo, tem um déficit na balança comercial extremamente considerável. “Como lidar com essa dicotomia? Precisamos entender como instituições do executivo, legislativo, da iniciativa privada e dos órgãos de pesquisa podem convergir para promover o que se espera. Inovação sem gerar nota fiscal, não tem impacto para a sociedade”, disse.
O deputado federal Pedro Westphalen afirmou que “a pandemia nos mostrou que fortalecer a indústria brasileira e tentar globalizá-la é uma questão de segurança nacional. E para isso duas coisas são necessárias: previsibilidade e segurança jurídica. É fundamental também a expansão das universidades, da pesquisa, da iniciativa privada e do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Sérgio Rocha corroborou: “não importa se o capital é nacional ou estrangeiro. Precisamos definir o que é essencial ser produzido aqui e estabelecer políticas que façam a coisa funcionar. A indústria da saúde é extremamente complexa e produzir alta tecnologia depende de investimento e pesquisa”.
Já o gerente de Políticas em Saúde da Boston Scientific do Brasil, Murilo Contó, definiu como perverso o ciclo de incorporação de tecnologia, no Brasil. “Você tem que demostrar um custo efetividade de uma tecnologia nova comparada ao que já está no SUS, que, por sua vez, tem um preço irreal e defasado. Para agravar o problema, ano passado foi estabelecido um linear de custo efetividade que se tornou um complicador ainda maior. Fica muito difícil incorporar novidades mais eficientes e que vai gerar economia para o próprio sistema”, finalizou.
Assista abaixo o vídeo na integra do VIII Fórum ABIIS.