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O setor da saúde na agenda do país

Investir em inovação, diversificar a cadeia de suprimentos e criar um ambiente regulatório mais propício são alguns dos desafios impostos aos país pela pandemia

A Covid-19 colocou o mundo em teste. No Brasil, o país bateu, na quinta-feira (25), a marca de 1,23 milhão de pessoas contaminadas, com mais de 55 mil óbitos. O desafio de disponibilizar Unidades de Terapia Intensiva (UTI) equipadas com ventiladores e respiradores para todos impôs uma nova agenda para o sistema público de saúde e revelou desafios e oportunidades para a indústria de equipamentos e dispositivos médicos.

Para o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, a retomada passa por investimentos em inovação. “A boa notícia é que a saúde voltou para a pauta do dia. Está na agenda prioritária do país e essa é a grande oportunidade para que sejam retomadas políticas públicas de estímulo à inovação”, disse durante o webinar “Desafios e oportunidades para a indústria de equipamentos e dispositivos médicos”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed).

Igor mencionou as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) do Ministério da Saúde, que ampliam o acesso aos medicamentos e produtos para a saúde considerados estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do fortalecimento do complexo industrial do País e citou, ainda, as encomendas tecnológicas como importante instrumento de apoio ao setor, além de editais e programas de incentivo. “As empresas sairão da crise combalidas, mas só sobreviverão aquelas que inovarem. Não tem outro caminho”, disse.

O Edital Startups & Comunidades, lançado pela ABDI, segundo Igor, é um exemplo de estímulo a soluções inovadoras de combate à Covid. A startup vencedora oferece testes rápidos para pacientes assintomáticos. “Para a volta da economia, é preciso recolocar as pessoas nas ruas, e o teste de assintomáticos vai ajudar no mapeamento, evitando a transmissão silenciosa do vírus. Uma importante inovação que surgiu por causa do cenário de crise”, frisou.

O professor da ENSP/FIOCRUZ, Carlos Gadelha, concorda que a crise trouxe a necessidade de uma nova agenda de instrumentos de políticas públicas para a inovação e argumentou que a indústria não consegue ser competitiva. “Nós temos de saber fazer, saber produzir e, de preferência fazer o ouro”, disse. Ele lembrou que a Fundação Osvaldo Cruz aumentou os testes de Covid de mil para dois milhões. “Se tornou um player essencial nessa corrida. Mas, para isso tem de ter aprendizado e inovação tecnológica”, reforçou.

O professor do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (NUTES), da Universidade Federal da Paraíba, Eduardo Jorge Valadares, reforçou a importância de agregar o conhecimento dentro das empresas e dos centros de pesquisas. “Temos inúmeras ferramentas de indústria 4.0. Mas, para isso temos de ter pessoas para operá-las e que dominem esse conhecimento. Não adianta simplesmente montar uma central de monitores de saúde sem inteligência”, afirmou.

O consultor empresarial, Rodrigo Silvestre, que coordenou a Política Nacional de Inovação Tecnológica na Saúde (PNITS) do Ministério da Saúde, também defendeu a construção de uma agenda de políticas públicas forte com o fortalecimento do SUS e o investimento em inovação. “A beleza da Saúde 4.0 está no setor de equipamentos para a saúde, com foco na saúde preventiva”, finalizou.

O webinar foi moderado pelo gerente de Relações Institucionais da Abimed, Felipe Carvalho. Ao encerrar o evento, o presidente executivo Fernando Silveira, lembrou que o Brasil tem condições de ser um player competitivo no mercado global. “No entanto, o desafio é diminuir nossa defasagem de inovação e de acesso a tecnologia, com novos mercados e reciprocidade. Defendemos um projeto de país, com um horizonte de 20,30 anos à frente”.

Com informações do site da ABIMED (26/06/2020)