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Na Opas, ministra da Saúde pede cooperação de países para enfrentamento das mudanças climáticas

Nísia Trindade participou da abertura do 61º Conselho Diretor da Opas, nos Estados Unidos. No encontro, países discutem estratégias e planos para melhorar os sistemas de alerta precoce para emergências.

Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é inadiável o debate sobre as consequências das mudanças climáticas para os serviços de saúde, sobretudo, nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Nesta segunda-feira (30), ela discursou sobre o tema durante plenária do Comitê Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, em Washington DC, nos Estados Unidos. Citou como exemplo a situação vivenciada pelos brasileiros neste momento e conclamou os países a aderirem a uma resolução sobre o clima e saúde. 

“O Brasil enfrenta neste ano graves impactos relacionados à mudança climática. Destaco as inundações no estado do Rio Grande do Sul, além da pior estiagem na Amazônia e nos biomas do Pantanal e do Cerrado que o país vive atualmente. Por motivos como este, a mudança do clima e saúde é um dos temas prioritários da presidência brasileira do Grupo dos 20 (G20)”, disse. 

Nísia também destacou o lançamento no Brasil do Plano de enfrentamento à dengue e outras arboviroses, um outro campo em que se verifica o impacto da mudança do clima. “Precisamos, assim, de uma estratégia e cooperação regional para enfrentar esse desafio. A aprovação da resolução sobre clima e saúde nesta reunião do conselho diretivo será um passo importante nesse sentido”.

Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante acompanhamento do cenário epidemiológico das arboviroses, preparando estados e municípios para atuarem nos diferentes cenários que se apresentaram, emitindo alertas sobre a possibilidade de alta no número de casos e liberando recursos para ações de prevenção e controle. Para 2024, o investimento é de cerca de R$ 1,5 bilhão.

Na reunião, a ministra também explanou aos colegas o esforço brasileiro para cumprir o compromisso para redução da mortalidade materno-infantil – sendo o mais recente investimento a criação da Rede Alyne. Esse é um programa recente do governo federal voltado ao cuidado integral às gestantes e aos bebês, atento às desigualdades étnicos-raciais e regionais. Para essa execução, em 2024, o Ministério da Saúde vai investir R$ 400 milhões na rede. Em 2025, esse número chegará a R$ 1 bilhão.

A ministra lembrou que o Brasil, durante a Assembleia Mundial da Saúde deste ano, levantou o tema da regulamentação do marketing digital de substitutivos do leite materno e convidou todos os países da região das Américas a apoiarem o projeto de resolução sobre o tema a ser apresentado na reunião da autarquia, no ano que vem. 

Nísia Trindade também mencionou a agenda da criação da Aliança para Atenção Primária em Saúde nas Américas e a Política para Força de Trabalho em Saúde 2030. “Com foco nesta última agenda, o Brasil realizará, em dezembro do presente ano, a Conferência para Gestão do Trabalho em Saúde. Somos também ativos participantes da transformação digital do setor saúde. E, para este fim, o Ministério da Saúde criou uma nova secretaria dedicada à informação e à saúde digital”, destacou. 

Cooperação internacional 

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, falou à plenária por meio de videoconferência. Destacou o lançamento do 14º Programa Geral de Trabalho que estabelece um roteiro para a saúde global, procurando orientar o trabalho da organização em apoio aos estados-membros e parceiros nos próximos quatro anos (2025-2028). “A cúpula do G20, em novembro, no Brasil, será a ocasião do anúncio do investimento do presidente Lula no programa”, salientou.

O diretor da  Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, ressaltou que o mês de novembro marca o 100º aniversário do Código Sanitário Pan-Americano, que se propôs a prevenir a propagação de doenças transmissíveis. “A pandemia de covid-19 revelou a dependência estrutural da América Latina e do Caribe de vacinas importadas e outras tecnologias de saúde, a concentração geográfica em inovação e capacidades de produção e cadeias de suprimentos globais vulneráveis”, disse Barbosa, apontando a necessidade de que os Estados fechem um acordo concreto sobre pandemias. 

Sobre o evento

O Conselho Diretor da Opas se reúne de 30 de setembro a 4 de outubro, em Washington DC. O Conselho debaterá estratégias e planos para fortalecer o controle do tabaco, melhorar os sistemas de alerta precoce para emergências e reforçar o setor de saúde diante das mudanças climáticas

Também serão debatidos temas prioritários como a sepse, os sistemas de informação para a saúde, os cuidados de longo prazo, bem como a atenção cirúrgica, os cuidados intensivos e de urgência.

Com informações do Portal Gov.br – 30.09.2024