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MS reduz o valor pago por procedimentos cardiovasculares no SUS em até 83% e coloca em risco fornecimento de produtos vitais

Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde alerta para o risco de desabastecimento de marcapassos, stents e desfibriladores

O Ministério da Saúde publicou, no Diário Oficial de 21 de dezembro, a Portaria GM/MS Nº 3.693 que altera a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SUS) e reduz em até 83% o valor de produtos cardiovasculares vitais, como marcapassos, stents e desfibriladores. A Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde alerta para o risco de desabastecimento destes dispositivos médicos. Nova tabela passa a valer em março/22.

A redução do repasse por implante de ‘stent’ – utilizado para restauração do fluxo sanguíneo na artéria coronária de vítimas de infarto ou para prevenir o infarto – é de 83,23%; o procedimento para colocar um ‘cardioversor/desfibrilador com marcapasso muti-sítio’ em vítimas de arritmias graves teve o preço reduzido em 62,91%; e o valor pago aos hospitais para o implante de ‘marcapasso’ será 47,09% menor.

DS_PROCEDIMENTO VALOR ATUAL NOVO VALORRedução em %
CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR C/ MARCAPASSO MULTI-SITIO 50.000,0018.542,62-62,91
GERADOR-PARA CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL (CDI)29.015,1115.600,45-46,23
CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR IMPLANTAVEL36.089,3815.263,50-57,71
CATETER BALAO P/ ANGIOPLASTIA TRANSLUMINAL PERCUTANEA500,00317,34-36,53
ELETRODO DE CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR7.074,272.660,99-62,38
ELETRODO ENDOCARDICO DEFINITIVO973,70636,06-34,68
MARCAPASSO CARDIACO MULTIPROGRAMAVEL DE CAMARA DUPLA5.225,252.925,34-44,02
MARCAPASSO CARDIACO MULTIPROGRAMAVEL DE CAMARA UNICA4.324,342.767,76-36,00
MARCAPASSO MULTI-SITIO15.720,168.318,18-47,09
STENT PARA ARTÉRIA CORONARIA2.034,50341,17-83,23
SISTEMA DE ELETRODOS P/ ESTIMULACAO MULTI-SITIO5.980,124.497,60-24,79
STENT FARMACOLÓGICO PARA ARTERIA CORONARIA2.034,50844,73-58,48

Com a mudança, o governo vai tirar do SUS cerca de R$ 300 milhões e onerar gravemente as empresas fornecedoras de dispositivos médicos. “A indústria de produtos para a saúde não vai conseguir atender ao sistema público com esta redução injustificável. Os hospitais não terão condições de pagar nem o preço de custo dos itens”, analisa o diretor da ABIIS, Sérgio Rocha.   No Brasil, morrem por ano cerca de 400 mil pessoas vítimas de doenças cardiovasculares, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país.