A edição 2023 do Simbravisa foi realizada pela Abrasco, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba.
O 9° Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária (Simbravisa) terminou nesta sexta-feira (24/11), em João Pessoa (PB). O tom do último dia foi marcado pela necessidade de se olhar criticamente para os acertos e erros do passado recente, em especial no combate à Covid-19, a fim de responder de forma efetiva aos desafios pós-pandêmicos. “As questões da pandemia de Covid-19 precisam ser revisitadas por diversas vezes, porque a próxima pandemia está nos esperando na esquina”, alertou durante uma conferência o médico sanitarista Gonzalo Vecina, que atuou como presidente da Anvisa entre 1999 e 2003.
Vecina lembrou, por exemplo, que a ausência de uma estrutura contínua e robusta de vigilância genômica (monitoramento das características genéticas de micro-organismos causadores de doenças) e a demora no resultado dos testes PCR (cerca de 10 dias) demonstraram a necessidade de investimento nos laboratórios de saúde pública. “Também ficou clara a necessidade de fortalecer o complexo econômico e industrial da saúde, para fomentar a produção interna de insumos farmacêuticos essenciais”, apontou o sanitarista ao falar sobre a dependência internacional de alguns insumos (produtos e equipamentos usados no atendimento médico).
Na mesma linha, durante a apresentação do painel “Estratégias da vigilância sanitária em resposta às necessidades da sociedade e às pressões do mercado: o que nos mostrou a pandemia”, a médica e pesquisadora em saúde Vera Pepe pontuou que “a resiliência de um sistema de saúde envolve sua capacidade de se transformar de maneira contínua”.
Além da apresentação de trabalhos científicos e relatos de experiência, a programação do simpósio abrangeu painéis, oficinas, mesas de discussão e rodas de conversa baseados na temática do direito à saúde e do fortalecimento do SUS. O evento também contou com uma programação cultural inspirada em talentos locais. Ao todo, o simpósio reuniu 1.265 participantes, entre profissionais de saúde, pesquisadores e estudantes.
Durante quatro dias, a edição 2023 do Simbravisa colocou em debate, dentre outros, temas como: intervenções sanitárias junto a grupos vulneráveis; informação e desinformação em saúde; vigilância de alimentos; mudanças climáticas e emergências em saúde pública; e reformulação de códigos sanitários. Além disso, esteve em pauta a relação entre desigualdade social e acesso a serviços de saúde e entre vigilância sanitária e as pressões do mercado produtivo.
Na cerimônia de encerramento do simpósio, na noite desta sexta-feira (24/11), a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rosana Onocko, ressaltou que “a vigilância sanitária é uma atividade nuclear da saúde, e por isso precisa de uma carreira, de estabilidade, de valorização, enfim”.
A edição 2023 do Simbravisa foi realizada pela Abrasco, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba. Mais informações em https://www.simbravisa.org.br/index.php#topo