Um dos objetivos é buscar tratamento para a doença e facilitar fabricação e distribuição de genéricos de um eventual medicamento pelo mundo. A embaixadora brasileira na OMS, Maria Nazareth Farani Azevêdo, representou o país no lançamento.
O Brasil é um dos integrantes de uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) lançada nesta sexta-feira (29) para facilitar o acesso a tecnologia no combate da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Uma das intenções do projeto é que, se algum governo ou empresa participante descobrir um medicamento para a doença, contribuam com a patente para que ela seja sub-licenciada a fabricantes de genéricos. Isso facilitaria, segundo a OMS, a fabricação e a distribuição dos medicamentos pelo mundo de forma mais igualitária.
A embaixadora do Brasil na OMS, Maria Nazareth Farani Azevêdo, representou o país no lançamento. Ao todo, mais de 35 países estão participando (veja lista ao final da reportagem).
“O Brasil está honrado em apoiar o lançamento da plataforma”, disse Farani. “Nesse momento, o acesso a tecnologias de saúde de qualidade seguras, eficientes e acessíveis continua sendo uma prioridade para o Brasil”, afirmou.
A iniciativa foi inicialmente proposta pelo presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada, como uma “irmã” do “ACT Accelerator”, lançado no final de abril para buscar medicamentos, testes e vacinas para a Covid-19. O objetivo do novo projeto, explicou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, é sugerir ações concretas para alcançar os objetivos da primeira iniciativa, incluindo acesso igualitário às pesquisas.
A iniciativa, chamada de “COVID19 Technology Access Pool”, ou “C-TAP”, tem 5 prioridades:
- divulgação pública de pesquisas de sequenciamento de genes;
- divulgação pública de todos os resultados de ensaios clínicos;
- incentivar governos e financiadores de pesquisas a incluir cláusulas em contratos com empresas farmacêuticas sobre distribuição e publicação de dados de ensaios clínicos de forma equitativa;
- licenciar tratamentos e vacinas para produtores grandes e pequenos;
- promover modelos abertos de inovação e transferência de tecnologia que aumentem a capacidade local de fabricação e fornecimento.
“Por meio da C-TAP, estamos convidando empresas ou governos que desenvolvam uma terapêutica eficaz para contribuir com a patente para o repositório de patentes de medicamentos, que então faria o sub-licenciamento da patente a fabricantes de genéricos”, explicou Tedros.
A participação da iniciativa é voluntária e baseia-se em outros repositórios de patentes, como as de medicamentos para HIV e hepatite C. “A OMS reconhece o importante papel que as patentes desempenham no fomento da inovação. Mas este é um momento em que as pessoas devem ter prioridade”, ressaltou Tedros.
Líderes internacionais
Além do Brasil, outros representantes e lideranças internacionais também participaram do lançamento em Genebra, por meio de transmissão virtual. Todos ressaltaram a necessidade de trabalho conjunto e solidariedade no combate à pandemia, para garantir acesso igualitário a eventuais medicamentos e vacinas.
“Crises globais, como a de Covid-19, significam que temos que deixar de lado nossos interesses privados e agir juntos. A luta contra essa pandemia requer que nós não reinventemos a roda. Temos que pensar em como a cooperação internacional pode funcionar para que possamos desenvolver soluções científicas que garantam a saúde de todas as populações, sem exclusão”, declarou o presidente do Equador, Lenín Moreno.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, também enviou uma mensagem. “Estou falando a vocês do norte do país, onde estávamos observando áreas significantes de surtos na fronteira com o Brasil. E, como sempre, e agora mais ainda, gostaríamos de nos juntar à iniciativa e pedir aos governos, empresas e organizações internacionais que participem isso”, pediu.
“A República de Palau teve sorte de ser um dos poucos países no mundo sem casos confirmados do coronavírus”, declarou o presidente palauano, Thomas Esang Remengesau. “Essa conquista só foi possível graças à medida drástica, mas necessária, de fechar as nossas fronteiras para viajantes internacionais. Apesar de termos evitado com sucesso que o vírus chegasse até agora, nós, assim como todas as ilhas-nações que adotaram o mesmo passo drástico, não podemos manter as nossas fronteiras fechadas para sempre. Ilhas-nações podem parecer isoladas do resto do mundo, mas também estamos profundamente intrincados na economia global. Assim como o vírus não discrimina entre passaportes, a sua cura também não deveria”, declarou.
Até esta sexta (29), os seguintes países já confirmaram participação na iniciativa:
- África do Sul
- Argentina
- Bangladesh
- Barbados
- Bélgica
- Belize
- Brasil
- Butão
- Chile
- Costa Rica
- Egito
- El Salvador
- Equador
- Holanda
- Honduras
- Indonésia
- Líbano
- Luxemburgo
- Malásia
- Maldivas
- México
- Moçambique
- Mongólia
- Noruega
- Omã
- Palau
- Panamá
- Paquistão
- Peru
- Portugal
- República Dominicana
- São Vicente e Granadinas
- Sudão
- Timor Leste
- Uruguai
- Zimbábue
Com informações do portal G1 (29/05/2020)