O medo da pandemia norteia a decisão dos pacientes que aguardam a segunda dose da vacina para agendar uma operação. Os associados ainda enfrentam problemas crônicos, como a retenção de faturamento, que se agravaram durante a crise sanitária
A ABRAIDI realizou, em 20 de julho, uma reunião regional com as associadas do Nordeste do país. Os encontros têm a finalidade de discutir problemas locais e setoriais. Em pesquisa online, constatou-se que as cirurgias eletivas já retomaram, porém de forma parcial para 63% dos associados fornecedores de produtos para saúde.
O vice-presidente da ABRAIDI, Ronaldo Carneiro, que é executivo de associada com atuação no estado da Bahia, lembrou que as cirurgias mais complexas ocorrem de forma bastante lenta, devido ao medo dos pacientes, que ainda aguardam a segunda dose da vacina para programar algum procedimento cirúrgico. “Temos constatado também um aumento de custos, por conta da elevação da cotação do dólar, do combustível, como exemplos, e redução de preços com pacotes de serviços e produtos pré-determinados pelos hospitais”, informou Carneiro, que completou: “a região tem vivido uma concentração de poder e força econômica na área da saúde privada, com cada vez menos players, impondo caminhos que não têm sido salutares para a sustentabilidade do sistema”.
Para metade dos associados, a retomada das atividades empresarias só irá ocorrer no ano que vem, segundo levantamento ABRAIDI. Para 8% será agora em agosto, outros 8% acreditam que acontecerá em setembro, 8% também em outubro, 17% em novembro e 8% em dezembro.
Duas associadas de Pernambuco denunciaram problemas locais, como a excessiva rigidez por parte das inspeções da vigilância sanitária na cidade de Recife. “Não temos podido fragmentar o transporte de implantes de trauma, tão necessário, e tem até havido apreensão de mercadoria com incineração”, relataram as duas executivas. “Somente quem está em Recife tem esse rigor absurdo. As empresas sediadas em Olinda ou Jaboatão dos Guararapes podem fazer o transporte de forma mais flexível”. O diretor executivo Bruno Bezerra lembrou que a ABRAIDI elaborou uma proposta de alteração da RDC sobre esse assunto para a Anvisa. “A troca intensa de diretoria na Agência, nos últimos anos, fez que o tema ficasse parado, apesar das cobranças da Associação”, afirmou Bezerra.
Outro problema apontado pelos associados, durante o encontro, foi a retenção de faturamento, que é quando planos de saúde e hospitais postergam pagamentos, mesmo depois das cirurgias realizadas. Para 25% houve aumento de até 30% nas retenções de faturamento; já para 13% a elevação foi entre 31% e 50%; e segundo 25% as retenções de faturamento cresceram entre 51% e 75%.
As reuniões regionais da ABRAIDI têm o patrocínio da Diferencial Tributária e já foram realizadas com o Norte e Nordeste. Nas próximas semanas serão promovidos encontros com os representantes do Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Além das temáticas locais, a equipe da Associação fez apresentações das atividades realizadas ao longo do primeiro semestre e tirou dúvidas sobre diversos temas, como a nova Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.
Com informações do site da ABRAIDI (21/07/2021)