“Junho Vermelho” é uma campanha instituída pelo Ministério da Saúde que, desde 2015, busca aumentar o volume de bolsas de sangue nos hemocentros durante o período de férias escolares. Dados oficiais indicam, porém, que a doação está em falta no país, principalmente no último ano. Segundo o Ministério, 2020 registrou uma diminuição na ordem de 20%, em comparação com o ano anterior.
A doação é necessária para repor o sangue de quem se submete a grandes e complexos tratamentos e intervenções médicas, como transfusões, transplantes, procedimentos oncológicos e cirurgias.
Uma bolsa de sangue coletada pode salvar até quatro pessoas e a demanda é crescente com o passar do tempo, dado o envelhecimento da população e o aumento da complexidade da medicina — que são fatores positivos e de evolução social.
Doação de sangue na pandemia
Os dados mostram que as mudanças de comportamento adotadas na pandemia afastaram os doadores dos bancos de sangue e a situação é preocupante nos hemocentros.
Não houve registros de desabastecimento, mas há relatos de que foi preciso fazer o remanejamento de bolsas de sangue para que os estoques de nenhum Estado ficassem vazios.
Além disso, alguns fatores contribuíram para que diminuísse a necessidade das bolsas de sangue. Foi o caso da suspensão temporária das cirurgias eletivas e a queda no número de acidentes de trânsito durante os meses de menor circulação da população.
Para evitar o desabastecimento de sangue e o comprometimento da assistência, a mobilização e sensibilização de doadores veio com força este ano.
Em março, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Meu Sangue Brasileiro” para aumentar o número de doadores voluntários e somar com o movimento “Junho Vermelho”.
Os candidatos à doação de sangue podem ficar tranquilos. Todas as medidas de segurança em relação à Covid-19 são adotadas pelos hemocentros do país, como condições de higiene e assepsia adequadas, coleta do sangue sem aglomerações por meio de agendamentos e distanciamento entre as cadeiras de coleta.
Desafios da doação de sangue no Brasil
No Brasil, segundo dados de 2019 do Ministério da Saúde, estima-se que 66% das doações de sangue são feitas voluntariamente, de forma espontânea. Há também iniciativas que visam à reposição, quando um parente ou amigo doa para atender à necessidade de um paciente conhecido, por exemplo.
Os números da Pasta indicam que 1,6% da população brasileira é doadora de sangue, percentual que está dentro da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, esse montante poderia ser maior.
A falta de conscientização é uma das principais dificuldades para o aumento da doação de sangue no Brasil. Faltam campanhas informativas desde a infância, realizadas em escolas, por exemplo.
O brasileiro ainda não tem a cultura de doar sangue. O país nunca passou por acontecimentos que exigissem uma maior compreensão sobre a importância da doação, como uma guerra, ao contrário de países como Japão ou Estados Unidos, onde o índice de doação é consideravelmente maior.
O ideal é que a quantidade de doadores voluntários cresça ainda mais, pois, de forma geral, os doadores de reposição não o fazem de forma contínua.
Algumas normas e proibições também são consideradas um entrave para fomentar o número de doações no país. Alguns ajustes já estão sendo feitos nesse sentido;
Em 2013, a faixa etária foi expandida para pessoas entre 16 e 69 anos. Antes, o ato era restrito a idades superiores a 18 anos e inferiores a 65 anos. No ano passado, foram os homossexuais que ganharam o direito de exercer o gesto.
Como doar sangue
Para ser um doador de sangue, o candidato deve buscar o hemocentro mais próximo de sua residência, seguir algumas normas e atender a alguns requisitos, como:
- Ter boas condições gerais de saúde;
- Ter entre 16 e 69 anos;
- Ter mais de 50 kg;
- Apresentar documento oficial com foto;
- Estar alimentado há pelo menos duas horas;
- Não ter ingerido bebida alcoólica há pelo menos 12 horas;
- Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.
Pessoas com Covid-19, febre, gripe ou resfriado, gestantes e mulheres no pós-parto não podem doar. Algumas outras condições também impedem a doação de forma temporária ou definitiva.
Há uma frequência máxima de doações anuais. São quatro doações de sangue por ano para homens, com intervalos de pelo menos dois meses. Já no caso das mulheres, são três doações anuais, com intervalo mínimo de três meses.
Além dos fatores citados, quando o candidato chega ao hemocentro, ele é submetido a exames e entrevistas para conferir suas boas condições de saúde e garantir que o sangue doado não seja descartado.
Quem doa sangue tem direito a “um dia de folga a cada doze meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada”, sem desconto de horas e salário, segundo a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
O procedimento para fazer uma doação de sangue é simples, rápido, totalmente seguro e ainda salva vidas.
Com informações do site da CBDL (21/06/2021)